terça-feira, 19 de junho de 2012

Igreja



Deus Estabelece seu povo em uma nova comunidade
Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.” Efésios 2.19-22


A igreja (grego: ecclesia, significando “assembléia”) existe em, por meio de e por causa de Jesus Cristo. Neste sentido, é uma realidade distintiva do Novo Testamento. Todavia é, ao mesmo tempo, uma continuação_ por meio de uma nova fase da história redentiva_ de Israel, a semente de Abraão, povo da aliança com Deus nos tempos do Velho Testamento. As diferenças entre a igreja e Israel estão enraizadas na novidade da aliança, pela qual Deus e seu povo estão ligados em ao outro. A nova aliança sob a qual a igreja vive (1 Co 11.25; Hb 8.7-13) é uma nova forma de relação mediante a qual Deus diz a uma comunidade escolhida: “Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus”(Ex 6.7; Jr 31.33). Tanto a continuidade como a descontinuidade entre Israel e a igreja reflete esta mudança na forma da aliança, que teve lugar na vinda de Cristo.

As novas características da nova aliança são as seguintes: Primeiro, os sacerdotes, os sacrifícios e o santuário do Velho Testamento são substituídos pela mediação de Jesus, o Deus-homem crucificado, ressurgido e reinante (Hb 1-10), em quem os crentes encontram agora sua identidade como semente de Abraão e povo de Deus (Gl 3.29; 1 Pe 2.4-10).
Segundo, o exclusivismo étnico da velha aliança (Dt 7.6; Sl 147.19,20) é substituído pela inclusão em Cristo, em termos iguais, de todos os crentes de todas as nações (Ef 2-3; Ap 5.9,10).
Terceiro, o Espírito é derramado tanto sobre cada cristão como sobre a igreja, de modo que a comunhão com Cristo (1 Jo 1.3), ministério de Cristo (Jo 12.32; 14.18; Ef 2.17), antegozo do céu (2 Co 1.22; Ef 1.14) tornam-se realidades da experiência eclesiástica.
A descrença da maioria dos judeus (Rm 9-11) levou a uma situação explanada por Paulo como corte feito por Deus dos ramos naturais de sua oliveira (a comunidade histórica da aliança), substituídos por rebentos de oliveira brava (Rm 11.17-24). O caráter predominantemente gentio da igreja se deve não aos termos da nova aliança, mas à rejeição judaica deles, e Paulo ensinou que um dia isto será mudado (Rm 11.15,23-31).
O Novo Testamento define a igreja em termos do cumprimento das esperanças e modelos do Velho Testamento por meio de uma relação com todas as três Pessoas da Divindade, efetuada pelo ministério mediador de Jesus Cristo. A igreja é vista como a família e rebanho de Deus (Ef 2.18; 3.15; 4.6; Jo 10.16; 1 Pe 5.2-4); seu Israel (Gl 6.16); o corpo e noiva de Cristo (Ef 1.22,23; 5.25-28; Ap 19.7; 21.2,9-27); e o templo do Espírito Santo (1 Co 3.16; cf. Ef 2.19-22). Os que estão na igreja são chamados “eleitos” (escolhidos), “santos”(consagrados, separados para Deus), e “irmãos” (filhos adotivos de Deus).
Essencialmente, a igreja era, é e sempre será uma comunidade adoradora única, reunida permanentemente no verdadeiro santuário, que é a Jerusalém celestial (Gl 4.26; Hb 12.22-24), o lugar da presença de Deus. Aqui, todos os que estão vivos em Cristo, os vivos fisicamente e os mortos fisicamente (isto é, a igreja militante com a igreja triunfante), adoram continuamente. No mundo, porém, esta igreja aparece na forma de congregações locais, cada qual chamada a exercer o papel de um microcosmo ( uma amostra representativa em pequena escala) da igreja como um todo. Isto explica como, para Paulo, a única igreja universal é o corpo de Cristo (1 Co 12.12-26); Ef 1.22,23; 3.6; 4.4)), e assim também a congregação local (1 Co 12.27).

É comum caracterizar a igreja na terra como “uma”(porque assim ela é em Cristo, como mostra Ef 4.3-6, a despeito do grande número de igrejas locais e agremiações denominacionais), “santa”(porque é consagrada a Deus corporativamente, como o é cada cristão individualmente, Ef 2.21), “católica”(porque é universal em extensão e procura deter a plenitude da fé), e “apostólica”(porque foi fundada sobre o ensino dos apóstolos, Ef 2.20). Todas as quatro qualidades estão ilustradas em Efésios 2.19-22.

Há uma distinção que deve ser estabelecida entre a igreja como nós, humanos, a vemos e como somente Deus a vê. É a distinção histórica entre a “igreja visível”e a “igreja invisível”. Invisível significa não que não possamos ver  o sinal de sua presença, mas que não podemos saber (como Deus, que lê os corações, sabe, 2 Tm 2.19) quais dos que são batizados, membros professos da igreja como instituição organizada, são interiormente regenerados e, assim, pertencem à igreja como comunidade espiritual de pecadores que amam seu Salvador. Jesus ensinou que na igreja organizada haveria sempre pessoas que pensariam ser cristãos e passariam por cristãos, alguns certamente tornando-se ministros, mas que não foram renovados no coração e, portanto, seriam expostos e rejeitados no Juízo (mt 7.15-27; 13.24-30,36-43,47-50; 25.1-46). A distinção “visível-invisíve” é traçada para que se tenha isto em consideração. Não porque haja duas igrejas, mas porque a comunidade visível comumente contém falsos cristãos, que Deus sabe não serem reais (e que podem saber isso por si mesmos, se o quiserem, 2 Co 13.5).
O Novo Testamento admite que todos os cristãos desejam ter comunhão na vida de uma igreja local, reunindo-se para adorar (Hb 10.25), aceitando sua orientação e correção (Mt 18.15-20); Gl 6.1), e  participando de seu trabalho de testemunhador. Os cristãos desobedecem a Deus  e se empobrecem ao se recusarem a unir-se a outros crentes, quando há uma congregação local à qual podem pertencer.

Deus não prescreve para os cristãos a adoração segundo a forma minuciosa dos tempos do Velho Testamento, mas o Novo Testamento mostra claramente quais são os ingredientes da adoração cristã comunitária, a saber, louvor (“salmos, hinos e cânticos espirituais”, Ef 5.19), oração e pregação, com administração regular da Ceia do Senhor (At 20.7-11). Cantar louvores a Deus era evidentemente uma grande coisa na igreja apostólica, como tem sido em todos os movimentos de êxtase espiritual desde então: Paulo e Silas, ao lado de sua oração (em voz alta), cantaram hinos na prisão de Filipos (At 16.25), e o Novo Testamento contém um bom número do que parece ser fragmentos de hinos (Ef 5.14; Fp 2.6-11; 1 Tm 3.16; e outros), enquanto “novos cânticos”do Apocalipse são tanto numerosos como exuberantes, na verdade extáticos (Ap 4.8,11; 5.9,10,12,13; 7.10,12; 11.15,17,18; 12.10-12; 15.3,4; 19.1-8; 21.3,4). Qualquer igreja local que steja espiritualmente viva tomará, sem dúvida, muito seriamente seus cânticos, orações e pregações, e será zelosa destas três partes do culto.

Autor: J. I. Packer
Fonte: Teologia Concisa, Ed. Cultura Crista.

Extraído:teuministerio 

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